sábado, 17 de maio de 2014

Sinto como se caminhasse com as pontas dos pés e de olhos vendados.
É escuro, mas acolhedor.
Sussurros internos me guiam. Deixo-me ir.
E vou.
Não pelo que meus olhos poderiam ver, mas pelo que meu espírito e consciência enxergam, vou.

Sentei confortavelmente, fechei os olhos, respirei profundamente, não saí de mim. Não agora. Fui para dentro, muito dentro. Até sentir-me incomodada. Permiti todos os sentimentos. Percebi cada um deles, amontoados, embaralhados, sem começo ou fim.
Senti-os todos. E os deixei ir.
Reconhecer-se dói. Libertar-se gera amor.
Quanto menos eu, mais nós. E eu não sou só uma, mas o todo.
Nada importa a não ser essa onda de amor que vem e vai deliciosamente inundando o espaço que há em volta de mim. Chega misturando-se com o que faz eu ser quem sou, bate de leve, estremece o que chamo de "eu"e vai embora, levando tudo, mas volta cheia do novo e pouca do velho "eu"... Não pára, vem e vai o tempo todo até que eu não seja nem o resquício do "eu" nem a novidade do novo, eu sou apenas o vai e vem indefinido de coisas que são sem serem entendidas, estudadas, apenas são. Um movimento, uma inconstância, uma energia infinita.
Nada me pertence e ainda assim sou tudo, tudo que posso sentir.
Antes de abrir os olhos e terminar a meditação deixei-me cantar. Cantei o que quer que viesse a minha mente, apenas sons vocálicos com entonações diferentes.
E voltei para o conjunto de coisas que chamo de "vida material".
Tocava um instrumental tradicional chinês, acendi um incenso, deitei-me.... Nada para, tudo flui.
Continuo.

Um comentário:

Gugu Keller disse...

A vida que deixamos nos levar é uma aula. A que tentamos controlar, uma jaula.
GK