Só cheguei agora em casa, 8 e meia da noite, molhada da chuva, com o coração disparado.
Agora está apertado, pesado, não consigo respirar normal.
No meio do caminho disparei a chorar, queria gritar.
Acho que senti raiva. Pensei em todos os meus esforços e comecei a pensar que não foram para nada. Sinto tanto cansaço!
Daqui a alguns dias serei esquecida, tudo voltará ao normal do lado de lá. E aqui ficarei me culpando, me questionando muitas coisas, querendo mudar o que nem sei. Tentando, tentando, como sempre. Só solidão.
Há algo de errado em mim, mas ninguém sabe dizer, ou não se atreve. Eu não me encaixo em lugar algum...
Chove e a temperatura caiu. Meus pés estão congelados, me enfiei dentro da cama.
O que eu mais sinto o tempo todo é exaustão. Engraçado é que, como tortura, meu corpo não me deixa dormir.
Sou tão pequena. Um pontinho quase inexistente no universo. Uma voz que mesmo com um grito é dó uma vibração em baixíssima frequência que dificilmente será sentida. Perdida no infinito.
O que estou fazendo aqui? Por que me importo tanto, sinto tanto, quero tanto as coisas?
Por que me apaixono, sinto necessidade de me aproximar de alguém e me entrego, me dedico, me solto assim? Por que faço isso? Por que sinto que devo estar do lado de alguém? Por que amo tanto, tão verdadeiramente, quando sei que não terei o mesmo?
Pra que tudo isso?
Senti imensa vontade de me rasgar, sair de dentro de mim, me libertar de todo o plano físico.
Queria gritar bem alto que não aguento mais.
Não aguento mais! Quero alguém com coragem, que segure a minha mão e me diga que não sairá do meu lado, que está comigo e que não me permita ir embora quando algo me entristece, mas que queira enfrentar-se e estar comigo quando eu lutar comigo mesma. Que não tenha medo de si, nem de mim, nem do futuro. Que seja firme no que diz, esteja certo do que quer.
Alguém que não tem medo de mudar, aceitar o novo que a vida da a oportunidade de viver, sem apego ao passado/presente.
Estou decepcionada com a covardia. Decepcionada por ter tido as mãos soltadas tão facilmente. Decepcionada por não ter meus esforços, sentimentos, planos valorizados.
Decepcionada com todo esse apego ao mediano, ao cômodo, ao medo.
Decepcionada com a inexistência do amor.
Mas acima de tudo, decepcionada comigo, com minha teimosia, minhas mentiras que criei para alimentar os meus sentimentos, para não enxergar a verdade, para não deixar de acreditar.
Decepcionada por tudo o que esperei, decepcionada por estar decepcionada com quem culpa alguma teve. Esperei o amor de alguém que nunca esteve disposto a amar.
Eu estou errada. Estou muito errada.
As minhas decepções com o outro são um equívoco.
E então volto a ser só um pontinho desconhecido na imensidão. E lembro que não sou ninguém extraordinário no universo. Sou única, mas como todos também são.
Sinto muito sono, sinto muita fraqueza, estou fugindo de me enfrentar, me esquivando procurando motivos para não me culpar, nao sei mais o que falar. Estou desligando devagarinho. Só mais um pouquinho, se tiver sorte só irei acordar amanhã, nao devia pensar demais, vai dormir, durmo, dor
Um comentário:
Os amores que mais certamente não darão em nada são os em que mais comumente investimos tudo.
GK
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